segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Edney Santana


Inveja


 A inveja, já  diz minha mãe, é o único feitiço que mata. O invejoso geralmente tem um grave problema de impotência emocional, se sente incapaz de ir além do seu mundo previsível.
O invejoso vive o promíscuo desejo de ser outra pessoa identificada como modelo ideal de vida que quer para si.
O mundo do invejoso é de angústias, mágoas e frustrações, é seduzido pelo que outra pessoa tem ou representa: poder, dinheiro, mulher ou homem, casa, beleza, enfim coisas que ele deseja profundamente, mas se sente incapaz de ter ou ser.
O problema disso é  que a inveja nem sempre fica no plano semântico, ou seja, na cabeça doente do invejoso, pode evoluir e ter consequências desastrosas na vida não só do invejoso como também na do invejado. A inveja é um caminho quase certo para tragédias.
Uma vez convencido da sua inferioridade o invejoso pode tentar destruir a vida do invejado e isso acontece de inúmeras maneiras como:
Destruição moral, acabando com amizades, casamentos, emprego, convívio social. Em último caso na tentativa louca , desesperada de se apossar da vida de quem o invejoso quer como um espelho de si mesmo ele o mata, transforma-se em um assassino daquilo que mais ama e odeia.
O invejoso é espiritualmente preguiçoso, sentado espera torna-se rei cercado de súditos sem personalidade ou atitude, o invejoso é um sugador de energia, seu ideal é vencer sem trabalho, sem produzir nada de útil ser aplaudido de pé, o invejo não tem vida, vegeta dia após dia seguindo a quem inveja como uma mosca, vive como um rato dos fragmentos e restos de emoções, na penumbra do buraco que e sua existência testifica sua existência vazia.
O que somos é a soma de todos nossos encontros e vivências, mas o invejoso não pensa assim, tem em si a certeza de ser criador de si mesmo, peça única na natureza, se sente um perseguido, vítima de uma conspiração para que sua vida nunca aconteça, mas volto a dizer antes de tudo o invejoso é preguiçoso, se sente um astro na eterna espera de ser revelado ao mundo seu talento que pensa ele ser imprescindível quando o que deveria é trabalhar para concretizar seus sonhos.
O Invejoso como parasita tende a ser puxa saco, deslumbrado, medíocre, falso até a medula, cretino e sempre atento a um vacilo do seu objeto de inveja para destruí-lo. Imagine que se de uma hora para outra seu corpo começasse a enferrujar, seus braços, pernas tomados pela ferrugem começam a cair, você vai diminuindo de tamanho, seu corpo vai se despedaçando todo pela ferrugem, pois bem, é esse o estrago que um invejoso pode causar a sua vida: enferrujar suas emoções, destruir com a paz do seu lar, acabar com seu casamento, assassinar sua alegria de viver, até que você adoecido desista de tudo e mergulhe na tristeza e solidão.
Pessoas educadas para amar com os olhos e bolso, educadas para o juízo de valores materialistas são também criaturas perigosas. Em meio a tudo isso surge o sentimento de impotência social, o desespero por não ser convidado para a grande festa, cresce o sentimento de humilhação. É esse um dos berços da inveja, uma alma que se sente derrotada ama e odeia tudo que poderia ser mais não é. 
Nunca se vendeu tantas indulgências em suaves prestações de mediocridade e farsas sociais, nossa sociedade é doente e deprimida, semeia-se o auto-engano com salvação aos que insistem nessa cegueira espiritual a nos levar para complacência com as mais profundas misérias e bizarrices.
O invejoso é  um fiel serviçal desse estrume social todo, produto patológico, fabricado na decadência de uma vida cheia de ficção.
Todos nós admiramos pessoas, isso é bom, nos educamos assim, admirar não é sinônimo de inveja, eu mesmo amo Paulo Freire, Milton Santos, Renato Russo, Belchior, Zé Ramalho, Luiz Gonzaga, Jorge Amado, Patrícia Inês Galvão, admiro profundamente Mariana Silva, irmã Dulce, Cristovam Buarque, Carlos Vereza, Heloísa Helena, Adriana Calcanhotto, Eduardo Galeano, Paizinho e seu Sax de Ouro e tantas outras pessoas que vieram para além da festa do estômago fazer a diferença nas coisas invisíveis e que no fundo são as que movem nossas vidas.
Casamentos perfeitos com a dor, filhos bastardos do medo, ódio abençoando vidas, vidas desperdiçada. O circo da inveja e intolerância não pode parar, o espetáculo só está começando.

Contatos com o autor: http://cartasmentirosas.blogspot.com 


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