quinta-feira, 5 de maio de 2011

Eleições 2012

E notória a movimentação dos políticos santamarenses rumo as eleições municipais de 2012. O debate politico já está aberto e as es-peculações sobre os rumos de como a campanha será feita, são as mais variadas possiveis e até mesmo o que ainda começa a ser discutido no Congresso e na Justiça sobre a possibilidade ou não da continuidade do instrumento das coligações partidárias ou a aplicação da Ficha Limpa, para as próximas eleições. Nada disso está preocupando os possíveis candidatos à sucessão de Ricardo Machado, que poderá ou não ser candidato à reeleição, a depender de como se comporte a Câmara Municipal  quando julgar as suas contas de 2009 ou mesmo que venha a acontecer a previsão do vereador Walmir Figueredo: Ricardo Machado deverá sofrer impeachment pelos desmandos que vem praticando à frente do comando da cidade.
O primeiro pré-candidato ao cargo maior da cidade, é o vereador Binho que concedeu ao Trombone essa entrevista, em seu gabinete.

Trombone - Vereador Binho. Como o sr. vê a movimentação do ex-secretário Cassinho, que também se diz candidato à prefeito,  capitaneando a campanha pró emancipação do distrito do Acupe?
Ver. Binho - Em primeiro lugar quero deixar bastante clara a minha posição quanto a essa questão que considero preocupante para o município de Santo Amaro. Sou contra esse projeto, embora reconheça e respeite a posição de cada acupense diante dessa realidade que vem a cada dia se consolidando, onde cada um busca a sua mai-oridade sem estar preocupado com o futuro desse município. Acho, que quando for instalado - se vier a ser - o procedimento legal, cada um terá a oportunidade - assim espero - de se manifestar contra ou a favor da iniciativa, após um amplo debate democrático sobre o tema. 

Trombone - Vereador, essa posição parece cômoda demais para a seriedade que o tema apresenta. O sr. poderia distinguir claramente a sua posição diante da iminência do fato acontecer?
Ver. Binho - Não. Eu fui claro na minha resposta. Agora, quer saber de uma coisa? Eu não acredito que essa campanha venha de fato acontecer, dada a sua complexidade e exigências que antecedem a um processo emancipatório. Quer ver uma realidade? Vá lá que eu venha a ser candidato a prefeito e seja o eleito. Sabe o que vai acontecer? O distrito do Acupe e dos acupenses em geral sofrerão uma reviravolta inimagináveis. O meu sentimento pelo Acupe não é diferente do que eu tenho por Santo Amaro, incluídos Pedra, Oliveira, São Brás, Itapema e todos os seus vilarejos. Não permitirei que o seu patrimônio físico seja deteriorado e que o seu bem maior, a cultura, seja fragmentada pela ausência do poder público municipal, entenda-se a prefeitura. O Acupe precisa é de alguém que lhe retribua na mesma medida em que recebe. Tenho um carinho muito especial por esse distrito, porque foi nele que convivi grande parte da minha infância, foi no Pavão, que passei a admirar a fibra e a garra dessa gente. Se chega alguém e oferece à esse povo o que de direito lhe pertence, adeus emancipação, porque os acupenses são generosos em demasia. Vamos esperar para ver como as coisas ficam.

Trombone - O senhor...
Ver. Me permita concluir rapidamente o meu pensamento sobre o as-sunto emancipação. Analise comigo o seguinte: a cultura, ou seja, as manifestações culturais do distrito do Acupe, são simplesmente fantásticas, Nego Fugido, internacionalmente reconhecido, também as Caretas do Acupe, Burrinha e por aí vai. A festa do Porto é um outro acontecimento marcante, e o que até agora, efetivamente fize-ram as nossas autoridades para o fortalecimento dessas manifestações? Nada. Por isso, entendo, que o direito dos acupenses em buscar a sua emancipação é legítimo, como também é legítimo o meu direito de ser contra ela. O que é necessário, é um amplo entendimento entres os defensores e os contrários à essa ideia, para a busca do consenso, onde haja compromissos para a solução dos problemas que se arrastam por anos e anos, sem solução. Como se pode fazer uma coisa séria e responsável, sem pensar, aliás, sem dar uma solução definitiva para a infra-estrutura daquela localidade? Como se pode conviver com esgotos a céu aberto em pleno século XXI? 

Trombone - Na sessão ordinária da Câmara de Vereadores, do dia 25 de março, o senhor, usando da Tribuna, surpreendeu a maioria dos santamarenses, quando renunciou à condição de líder da bancada governista e anunciou um caminho independente a ser percorrido doravante. O que levou o vereador Binho assumir tal comportamento?
Ver. Binho - A falta de reciprocidade nos compromissos assumidos na campanha,  que não passaram de sonhos e fantasias. O homem público tem compromissos com a população e de maneira mais acentuada com aqueles que o ajudam a conquistar posições dentro do universo político. Fizemos uma campanha para que os grandes beneficiados com a nossa vitória, fossem os mais carentes. Mas, o que vemos, é um governo que se preocupa em mostrar trabalho na região central. Observe: o asfaltamento da Av. Ruy Barbosa, ficou bem? Ficou. Era prioridade? Não. E por quê não era prioridade? Por quê essa prioridade não foi dada ao bairro da Caixa D`água, populoso e com a seus moradores habitando em ruas sem calçamento, com iluminação deficiente? Outro exemplo: a praça dos ex-combatentes não era para ser demolida. Quem conhece a realidade do bairro do Sacramento, a Canabrava, a Capelinha, a Baixa da Égua, a Avenida João Melo, percebe uma grande concentração de famílias de baixa renda, carentes, na mesma situação de antes da campanha eleitoral. Assim, estamos a assistir o quase três anos de governo que nós ajudamos a construir. Um outro exemplo  de falta de comprometimento com a população menos assistida, é o bairro da Ilha do Dendê. Total-mente esquecido, o que vem na lembrança do prefeito, é a sua quase obsessão em demolir tudo. Quer demolir a Escola Lafaiete Coutinho para construir uma nova escola. Com isso não podemos concordar e por tal razão, quando esgotados todos os canais de diálogo e a possibilidade de uma revisão por parte do prefeito, na sua maneira de governar e para não me tornar conivente com a insensibilidade na definição das prioridades, é que me desliguei da liderança do governo para ficar numa situação de independência e poder criticar o que achar necessário. O que a população da Ilha do Dendê, Pilar e peri-feria precisam de imediato são de ações que levantem a auto-estima das suas comunidades.Um outro exemplo típico de falta de prioridades são as obras do Trapiche de Baixo, feitas sem critérios e deixando de lado comunidades importantes como as da Caeira, do Conde, da Rocinha, do Maricá e outras. O negócio é dar visibilidade às obras, não importando o mal que causem às populações periféricas. Esses foram alguns dos poucos motivos de insatisfação minha com o prefeito. Quando encaminhava pedidos para as comunidades carentes, a má vontade do prefeito em atender era visível.

Trombone - Vereador, uma das grandes insatisfações da sociedade santamarense, reside na falta de transparência do governo nos assuntos relativos a dinheiro. De onde veio, quanto custou determinada obra ou serviço, quem participou das «licitações», qual a empresa vencedora, os critérios definidos, entre outras coisas mais. Esse reclamos da população não chegavam aos seus ouvidos, ou fazia que não escutava?
Ver. Binho - Chegavam sim, mas eu acreditava que no dia seguinte á essas constatações, as coisas se modificassem e o prefeito acordasse para a realidade. O meu desejo para que o prefeito Ricardo entendesse que somente com uma boa equipe poderia fazer um bom governo, era imenso, e não pense que vou torcer para que tudo dê errado daqui para frente, não, vou ficar na expectativa de que as coisas deem certo, porque quem vai ganhar é a cidade, é a sua gente, nós somos apenas passageiros do tempo, a cidade e o seu povo são eternos. De fato, fica muito estranho à população e nós mesmos vereadores não saberem dos processos licitatórios, com a clareza que a responsabilidade pública exige. Cansei, vi que estava cometendo um grande erro político e uma irresponsabilidade muito grande para com o povo da minha querida terra. De forma tranquila e consciente, optei por deixar a liderança do governo, deixar o prefeito totalmente à vontade para colocar em ação o que a sua cabeça dura pensa e manda, e não me considerar coadjuvante de tantas bobagens. Confesso que errei na escolha que fiz para a sucessão. Eu e a cidade não merecíamos isso. Daqui pra frente vou me empenhar ao máximo para tentar abrir os olhos do prefeito para os desmandos praticados e ficar vigilante como bom santamarense que sou. 

Trombone - A Câmara de Vereadores, vem assumindo posições antes inimagináveis. Recentemente confirmou os Pareceres Prévios do TCM, rejeitando as Contas de 2007 e 2008 do ex-prefeito João Melo. Agora, aprova  a formação de uma CPI - Co-missão Parlamentar de Inquérito para apurar possíveis irregularidades em um dos processos licitatórios onde a Construtora Oliveira Santana é uma das partes envolvidas. O que vem acontecendo?
Ver. Binho - Simplesmente maturidade. Eu vinha alertando o governo da necessidade de ser transparente com a sociedade e não fui ouvido. Hoje, ninguém administra sem se dar mal, sem prestar contas dos seus atos à sociedade civil organizada, é uma necessidade im-perativa. Todos sabem que existe uma desconfiança enorme com o fato da dispensa de licitação que foi dada, num valor elevadíssimo, quase 3 milhões de reais, sem nenhuma justificativa plausível. A Câmara de Vereadores cobrou do executivo informações sobre o tema e nunca recebeu as devidas explicações, então, como houve uma modificação numérica, nesta Casa, favorável à oposição, esta, apresentou em plenário um pedido de CPI para investigar esse caso específico e conseguiu a sua aprovação e implantação, e já está em funcionamento, com a nossa participação como seu Presidente. A CPI está analisando com muito cuidado o assunto, e como senti a necessidade de um aprofundamento da questão, solicitei e fui atendido numa prorrogação dos trabalhos da CPI por 30 dias, para que possamos apresentar um resultado no qual não paire nenhuma dúvida. Vou cumprir com o meu papel de Presidente dessa CPI e o resultado será dado ao conhecimento da população. Uma coisa quero deixar claro, a minha postura nessa CPI não tem nada a haver com o meu desligamento da liderança do governo, vou atuar examinando os fatos com isenção e justiça. O negócio é esperar para ver. Se o governo deixou de cumprir preceitos legais e beneficiou alguém, tenha certeza que será dado ao conhecimento dos santamarenses.

Trombone  - Existe a possibilidade dessa CPI sugerir o impeachment do Prefeito Ricardo?
Ver. Binho - Quem sabe?   

Um comentário:

www.obomdoacupe.com disse...

Sou administrador do website Obomdoacupe.com , gostei da matéria com o vereador Binho, é muito importante a honestidade de opiniões do vereador, que foi bem realista e logico no seus raciocínios sobre a localidade Acupense. No portal a qual administro, posto conteúdo cultural do Acupe, fica aqui o meu convite a toda equipe e leitores do blog O Trombone, a visitar o Obomdoacupe.com . Parabéns a Equipe pela importantíssima matéria publicada.

Felipe Argôlo.