terça-feira, 15 de janeiro de 2013

A VERDADE SOBRE A UFRB EM SANTO AMARO - Itagildo Mesquita


Quando o professor Jorge Portugal ligou para a minha casa, propondo participar de uma comissão para trazer para Santo Amaro, um dos campus da futura Universidade Federal do Recôncavo, que estava sendo criada, nos idos de 2003, fui tomado de um grande entusiasmo, pois este foi sempre  um sonho da nossa gente santamarense, desde a publicação da celebre Ata de 14 de Junho de 1822. Daquele documento signado pelos vereadores da Câmara Municipal de Santo Amaro, todos eles bacharéis formados em Coimbra, Portugal. Pedia-se que fosse criada uma universidade para o Brasil. A visão daqueles homens era que, somente a educação, mas a educação de qualidade poderia fazer o Brasil crescer e transformar- se numa grande potência mundial. A ordem era, para que eu fosse até a cidade de Cruz das Almas e lá, no prédio da Escola de Agronomia, deveria procurar o “pessoal” que ali estava se reunindo para juntar-me ao grupo e lutar para que também o nosso município sediasse uma das unidades da futura academia. Surpreendi-me no início da reunião quando instado a se pronunciar o representante de Santo Amam, que eu pensava ser, a palavra foi concedida ao nosso conhecido aqui de Santo Amaro, Joaquim do PT ou Quincas, que se dizia representante de uma estranha pessoa jurídica, cognominada de “mandato do deputado Luiz Alberto”, fiquei sem entender o porquê de Santo Amaro estar ali representado por aquela estranha ‘entidade”. Mas logo o mal entendido foi esclarecido quando então apresentei as minhas credencias de membro da comissão estadual em prol da fundação da Universidade Federal do Recôncavo, e assumi o meu lugar junto aos outros representantes de cidades como: Amargosa, Santo Antonio de Jesus, Cruz das Almas, Valença, Cachoeira e ali então Santo Amaro.
Fui multo bem acolhido, inclusive pelo fato de o professor Portugal, ter colocado seu programa “Aprovado” na TV Bahia, à disposição da comissão, entrevistando vários de seus membros e tendo mesmo realizado esforços junto ao então senador Antonio Carlos Magalhães, que era presidente da Comissão de Justiça e Redação, para que o projeto da UFRB entrasse logo na pauta de votação no Senado Federal. A minha indicação, portanto estava apoiada, além de Jorge, pelo Reitor da UFBA Naomar Almeida e o então Prefeito de Santo Amaro Genebaldo Correia.
Era, e ainda é, o campus da UFRB o sonho da nossa gente. Um ente universitário, de boa qualidade, serviria para garantir o futuro aos nossos jovens, que deixavam o ensino médio em direção à vida universitária. De pronto, o Reitor Naomar Almeida da UFBA, tutor da nova instituição, nos instruiu mobilizar a Cidade de Santo Amaro e região em apoio ao projeto grandioso. O então Ministro do Trabalho e atual Governador da Bahia Jaques Wagner, marcou uma grande reunião em Cruz das Almas, que deveria contar, exigência dele, com todas as lideranças políticas do Recôncavo, independente da cor partidária. Para ele governo e oposição deveriam unir-se para que a Universidade do Recôncavo pudesse tornar-se uma realidade. E Santo Amaro deu um bom exemplo, com a participação em vários eventos de lideranças, como os ex prefeitos João Melo, Raimundo Pimenta, Manoelzinho, e mais os vereadores da época e do passado, todos sob o comando do saudoso ex Vice Prefeito Sebastião Dias, que chefiava as várias comitivas formadas por delegação do prefeito à época Genebaldo Correia. Assisti comovido o discurso do Prefeito de Saubara, Cezar Jambeiro, que disse na Câmara de Vereadores local, que Saubara apoiava a criação do campus de Santo Amaro por entender que o seu município tinha o seu destino ligado e dependente do progresso do nosso. Tudo isso no dia da reunião de mobilização aqui na nossa Câmara de Vereadores após memorável desfile onde as várias instituições da nossa terra estiveram presentes ensejando que a nossa atual senadora Lídice da Mata dissesse que Santo Amaro “era a cidade mais mobilizada do projeto UFRB”. Após o término da reunião da Câmara e almoço oferecido pela Prefeitura na AABB, fomos todos na parte da tarde, para Cachoeira, onde, deveria haver outra reunião semelhante àquela aqui realizada pela manhã. Que decepção! Tive a curiosidade de contar, no livro de presenças as assinaturas dos cachoeiranos, e somente 68 deles assinaram aquele livro parecia que o povo e as lideranças políticas de Cachoeira não queriam a UFRB em seu solo.
Em reuniões posteriores ficou combinado que Santo Amaro seria contemplado com o Campus de Artes e Humanidade. Entendiam os técnicos envolvidos no projeto, que pela natural vocação do Município, pelas artes e cultura. Essa área composta de cursos de Comunicação, História e Bacharelado em Dança e Música contemplaria muito bem a região, digamos assim “da grande Santo Amaro”. Saubara, Acupe, Terra Nova, São Francisco do Conde, Oliveira etc. Pleiteamos também uma Faculdade de Direito, porém fomos aconselhados a deixar esse projeto para uma segunda fase. Perdemos tempo com a escolha do local onde deveria funcionar o campus. Uns queriam a sede do 1NSS outros o Colégio Polivalente, outros advogavam a extinção do Colégio Teodoro Sampaio, trocando uma escola de segundo grau por outra de nível universitário quando acabou o mandato do prefeito Genebaldo, assumindo João Melo, que nomeou para dirigir a comissão de Santo Amaro, o seu Vice José Carlos Rocha Lima, ao tempo em que assinava na reitoria da UFBA o Protocolo de Intenção de Doação, da área da antiga Siderúrgica Santo Amaro para que ali fosse construído o campus da UFRB.
Participamos, ativamente também, da reunião do Conselho Universitário da UFBA que criou oficialmente, a Universidade Federal do Recôncavo, tendo sido, inclusive, proposto pela delegação de Santo Amaro e aprovado por aclamação, o nome de Paulo Gabriel Nassif para ocupar o honroso cargo de Primeiro Reitor da nova academia que ali se fundava. Dentre as várias personalidades ali presentes destacamos a pessoa de Dona Canô Velloso, nossa mais importante matriarca que estava ali para dar seu apoio ao evento.
Posteriormente, fomos surpreendidos, com o pedido do ex governador Waldir Pires e do ministro Gilberto Gil, para que primeiro fossem implantados os campus de Cachoeira e Amargosa, em detrimento da nossa Cidade, que tão entusiasmada lutava para a criação da Universidade. E isso foi feito. Para aquelas cidades foram transferidos os cursos de Artes e Humanidade. Jorge Portugal protestou junto aos Reitores Naomar e Gabriel que lhes prometeu que o próximo campus a ser implantado seria o nosso. Ficamos à espera desse momento. Porém, no início de 2011, fomos mais uma vez surpreendidos, com a noticia, de que, um pedido do deputado estadual José Neto, líder do PT na Assembléia Legislativa e representante de Feira de Santana; a bancada federal do PT, exigia que Feira de Santana fizesse parte da UFRB, com a implantação imediata de um campus naquela Cidade. Nada de mais, se Feira fizesse parte do Recôncavo. Não faz e não quer fazer. O feirense sempre se diz sertanejo, e denomina a sua Cidade “a Princesa do Sertão” nunca quis fazer parte da nossa região. Como então preterir uma cidade, que desde o início do projeto, lutou para ter o seu campus, sonho de várias gerações? E mais ainda: essa decisão teve o apoio incondicional de uma estranha comissão, sem nenhuma representatividade, comandada pelo Sr. João Militão, que em uma assembléia totalmente desmotivada deseja a todo custo, trazer um modesto Curso de Tecnologia de Espetáculos e Produção Cultural, ou seja, formará pessoas encarregadas das partes técnicas dos teatros e afins. O povo de Santo Amam, ironicamente, fazendo analogia com os assistentes de palco dos circos que aqui passavam, chama a escola que aqui vai se implantar com o nome de ‘Faculdade de Mata Cachorro”. Ora, vejam só, além de nos privar dos nossos cursos de valor, dão-nos uma escola de segunda linha, como prêmio de consolação. Onde estão os nossos artistas, intelectuais, políticos e educadores?, cadê você Jorge Portugal? onde está Maria Mutti, tão guerreira com as coisas de Santo Amaro? Cadê Caetano Veiloso, Emanoel Araujo, Maria Bethania, Edvard Moraes, Eduardo Tadeu, a nossa reitora da UFBA, a santamarense Dora Rosas Leal? Onde estão os nossos políticos? Prefeito Ricardo Machado, João Melo, Genebaldo Correia, o prefeito de Pedrão Alceu Barros?, porque ficar calados Geraldo Salles, Nelson Elias, Márcio Dórea, Lívia Milena e Márcio Valverde, Moacir Paranhos, Mabel Velloso, Jota Velloso, o próprio secretário Rodrigo Velloso, Raimundo Pimenta?, enfim tantos nomes importantes na nossa vida cultural, econômica, política e social. Todos seremos pais e mães na fecundação desse filho lindo.

Nenhum comentário: