
Quando morreu morava em uma casinha simples, quase nada tinha além de alguns livros, sua batina e alguns objetos pessoais, o pequenino homem de voz poderosa viveu com o mínimo de conforto, sua paixão não eram as coisas e sim as pessoas.
A outra personalidade que tenho igual respeito é Chico Xavier, em vida Chico não teve outra bandeira a não ser levar conforto espiritual para qualquer pessoa que tivesse o coração ilhado pelo sofrimento. Era franzino e tímido, sua voz calma sempre trazia algo de conforto e paz, passou a vida toda dizendo o quanto o mundo seria melhor se amassemos mais as pessoas que as coisas. Quando morreu Chico Xavier já havia escritos cerca de trezentos livros, vendidos milhares e milhares de exemplares, mas nunca usou do dinheiro ganho com a venda dos livros para o seu bem pessoal, o dinheiro da venda dos livros foi para muitas das obras assistências que criou, Chico Xavier amava mais as pessoas que as coisas.
Falei desses dois homens de crenças distintas porque em algum lugar eles se encontram, se encontram no respeito e amor a vida, se encontram no amor as pessoas e não as coisas. Todos grandes homens e mulheres da humanidade eram amantes de pessoas e não de coisas. De nada vale uma casa bem feita, confortável se dentro dela seus moradores são infelizes, tristes e vivem cada um dentro da sua trincheira, armados e prontos para guerra. A vida não está nas coisas, esta nos bons corações que todos os dias batem não só para si, mas para a harmonia de todos que o cercam.
No entanto, o amor as coisas, ao poder do dinheiro, ambição e o crime como passaporte para uma vida de ostentação são quase sempre regras desse nosso tempo, se a humanidade chegou até aqui foi porque muitas pessoas deram suas vidas para enfrentar os monstros de egoísmos e vaidades.
Nada temos de nosso, somos seres de ilusão, nossos copos não são nossos, nossa juventude não é nossa, nossa velhice não é nossa, nada temos, somos a ilusão que breve o vento vai soprar como sopra qualquer grão de poeira. O tolo coração de hoje será despertado pela dor do amanhã que ao bater em sua porta vai dizer-lhe: você é gente, se esqueceu vai lembrar agora não pela alegria, mas por mim.
Se hoje esse teu dia for amargo, de desemprego, se hoje você foi traído ou abandonado não se desespere, porque nem a dor é em verdade nossa, em momentos de fragilidade ficamos mais sensíveis em acreditar na mentira, não se apegue ao passado, não espere por um sorriso salvador, anda, mesmo com todo peso não desista, é melhor caminhar sozinho que acompanhado pela falsidade, a falsidade que na hora da tua dor, fome ou queda riu e alargou sua solidão.
Somos pessoas e não coisas, ninguém nasceu para solidão ou para ver a vida ir lentamente pelo ralo da desesperança. Um dia no Pastel Music estava com Marcel Fiúza (uma das grandes revelações da nova geração de músicos da cidade, além de carismático, gentil e bom coração) se dirigindo ao nosso amigo Diego de Souza disse: “é preciso sempre buscar nossa utopia”. Estava certo o Marcel. Buscar sempre nossa utopia, a utopia é nosso lugar melhor, nossa condição de vida que nos faz feliz, buscar dentro e fora de nós a utopia é não parar quando todas condições nos dizem para fazermos isso.
Vamos cada um ao seu tempo buscar novos caminhos, essa vida melhor, esse amor que é sincero, as coisas que são realmente importantes e não o supérfluo que em nada melhora nossa condição de pessoas, desejo para mim e para você esse encontro maravilhoso entre o ser amado e nossa razão de ser gente e ser feliz.
Contatos: http://cartasmentirosas.blogspot.com
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