terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Paulo Reis - Um, até breve!

Por alguns exemplares de “O Trombone”, busquei contribuir, penso, com os processos que norteiam nossos dia a dia. Em cada estágio trouxe a luz da discussão temas por “todos” conhecidos, porém, dando a cada um deles uma roupagem “particular”. Foi assim, por exemplo, com o PDDU — Plano Diretor Urbano de Santo Amaro, um instrumento, no meu ponto de vista, capaz de por certo limite frente a ganância e a ignorância tão comuns a todos. Não por acaso as colocações provocativas do jornalista Gilberto Dimenstein que diz: “As cidade brasileiras são vítimas do analfabetismo urbano, o que acaba agravando — e muito — a crônica incompetência e a corrupção, tão comuns entre os dirigentes municipais. Esse analfabetismo consiste na desinformação dos indivíduos sobre como as cidades funcionam e, mais ainda, quais as possíveis soluções para os seus problemas. Habitantes mais conscientes significam comunidades mais organizadas e atentas, capazes de pressionar e fiscalizar o poder público”. O Plano Diretor de certa forma exerce este papel educativo e político social, evidente que não é fácil mudar uma “cultura” da noite para o dia, ainda mais quando a forma de pensar está limitada ás “unidades’. Um outro agravante é o nosso distanciamento - forçado - do processo político por uma onda de relatos, quase que diariamente, envolvendo os “escolhidos”, para eles Jean Jacques Rousseau fez a seguinte observação: “não se deve descuidar dos representantes, cuja tendência é a de agirem em nome de si mesmos e não em nome daqueles que representam[...] seria conveniente que fossem trocados com uma certa freqüência”. Já o jurista e professor Fábio Comparato em entrevista a revista Desafios do Desenvolvimento, publicada pelo IPEA — Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, ano 08. n° 67, coloca: “Eu me dei conta que o povo é o grande ausente da historia política nacional. O povo é tratado pelos políticos, como raras exceções, como uma massa ignorante. que só se preocupa com futebol. Para eles, é preciso afastar o povo da vida política”.
O Plano Diretor de Santo Amaro é como uma letra morta, servindo apenas de fachada, este, inserido no nosso combalido “Centro Histórico”, prestes a ser dilapidado em atenção ao gosto um tanto quanto “demodê’ dos seus ilustres “curadores”. No que tange a acessibilidade, outro bicho papão e, objeto de estudo dentro da dinâmica urbana, basta andar algumas quadras para sentir na pele e toda estrutura óssea o estado de abandono das nossas calçadas, que, diga-se de passagem, compete a sua manutenção única e exclusivamente ao proprietário, podendo o município, quando há boa vontade e decisão política, assumir o seu papel de agente fiscalizador, regulador e interventor, melhorando desta forma o livre ir e vir dos pedestres, conforme preceitua a nossa “Carta Magna”. Pertinente o relato diante de um novo cenário criado com o “asfalto”, que por certo exigirá, por tabela, uma recauchutagem nos passeios ao longo do grande “cortejo”.
Uma outra questão que merece registro pois é parte do chamado planejamento urbano, diz respeito a ocupação das áreas de preservação ambiental, tão comuns em nossa cidade, com um agravante, o fato de gerar direito adquirido ao ocupante, desencadeando ônus futuro para os cofres públicos. Poderia ir um pouco mais no quesito PDDU, no entanto, deixo para os amantes da boa terra a provocação e, quem sabe, mais adiante o “desfrute” dos seus “contos”.
Para finalizar, não poderia deixar de abordar uma nota publicada há seis meses, intitulada CORREDOR DA MORTE, quando na oportunidade fiz um breve relato acerca da saúde pública em nossa cidade, apontando as suas deficiências e visíveis limitações, tendo como referencial o Hospital Nossa Senhora da Natividade, sob a “égide” da Fundação José Silveira. Naquela casa de saúde deu entrada no da 18 de junho de 2011, uma senhora, vítima de um AVC — Acidente Vascular Cerebral e que acabou vindo a óbito após 13 dias de internação e uma via crucis no afã de conseguir a sua transferência para um centro melhor aparelhado. Não tenho como mensurar se de lá pra cá houve algum avanço no sentido de equipar os nossos “ambulatórios ampliados”. Ouvem-se muitas reclamações e desgostos, penso que essas medidas por si só não são suficiente para restabelecer o “elo perdido”. é preciso ir além do “censo comum”, está na hora dos atores diretos: Ministério Público, Defensoria Pública, Governos: do Estado, Federal e Municipal, bem como. a sociedade civil organizada e “desorganizada”, sentarem na “mesa” e discutirem abertamente qual a real situação da saúde neste vasto “Pau Brasil”.
Fazendo jus ao título encerro esse texto agradecendo a todos os leitores que me deram a honra das suas discordâncias e concordâncias ao longo desses quase um ano no Trombone, e, como os temas por mim abordados — reconheço — são como verbas carimbadas, aguardarei o desenrolar de uma nova partida para voltar a me pronunciar. Por enquanto um, até  breve!

N.R. - Olhe, Paulo. O seu brilhantismo e a sua inteligência, não podem e nem devem ficar restritos à você ou à poucos. Confiamos que esse até breve, seja de fato, brevíssimo.

Nenhum comentário: