terça-feira, 20 de dezembro de 2011

A cidade sem identidade

O processo de deterioração acontece de forma lenta e sutil.
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 Uma criatura perambula pelas ruas da cidade, num sobe e desce frenético. A cada subida, excita-se, e a cada descida, o seu estado de agitação é de dar dó. È observado: de onde veio e o que faz esse pobre coitado? Como se alimenta e quem faz essa caridade? Aonde e como dorme, e será que dorme? Ou fica como um zumbi? Num paralelo com a política, quem de fato está subindo e quem está descendo? Se ampliarmos o leque de opções para traçar paralelos, quem sobe e quem desce no campo da educação? E para finalizar, - nesse artigo - quem está preservando a cultura dessa terra, ou está a destroçá-la? Grandes indagações!
 É peito de fora, é bunda descoberta, é encenação erótica, é droga,...
 O passado desse município não  condiz com o momento atual, histórico e degradante, nos seus extremos. Tem responsáveis? Sim! A começar pelo seu povo que prefere, na atualidade, conviver com o imprestável, a ter que colocar a mente em permanente estado de alerta para entender o que dizem os livros, a música, o teatro, as atividades esportivas, a ciência, a tecnologia, a informática, os   jornais, as revistas, -  mesmo os gibis - ou se doar a uma atividade religiosa que represente um estuário, a família, base de sustentação equilibrada dos homens. Daí, a degradação, e a inevitável perda da identidade.
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 O povo e a praça estavam livres
para dormir.
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 O processo de deterioração acontece de forma lenta e sutil. Um exemplo: a Festa da Purificação, grandiosa no seu passado quando se fazia da celebração religiosa o seu ponto máximo, com a população engalanada, meninos e meninas desfilando pela praça, poucos veículos conduzidos por jovens da sociedade, rodando entre a Prefeitura e a Igreja Matriz para impressionar belas morenas, bem arrumadas, que davam o  toque da beleza ao evento, sem falar na participação dos pais, que conduziam os seus filhos para o entretenimento no Parque de Diversões, para adquirirem balões inflados a oxigênio, que embelezavam as noites festivas do 2 de Fevereiro. Era um sobe e desce por toda a cidade, para a sua Praça Maior, a da Purificação, para louvar a Virgem Mãe Puríssima, durante nove ou mais dias, tudo em harmonia e completo entendimento entre as pessoas. Sempre no último Domingo de Janeiro, Santo Amaro se encontrava na Estação da Leste e na sua Praça, para cantar o Pé dentro, pé fora, por toda a cidade, sem a necessidade de pelotões da PM para garantir a paz, no trajeto da Lavagem do Adro da Matriz, ou para assegurar que o encerramento da Festa, com a tradicional Procissão de Nossa Senhora da Purificação, até a queima dos fogos de artifícios, transcorresse na mais absoluta ordem. A Festa tinha o seu final, com a queima dos quadros com fogos de artifícos: do Senhor Santo Amaro e o de N.S. da Purificação.
Ainda na praça, as Filarmônicas que faziam as Retretas em todas as noites das comemorações, desciam acompanhadas com seus simpatizantes, depois de terem dado os seus acordes finais. O povo e a praça estavam livres para dormir, era zero hora.
 E agora? Só resta saudade!
 É peito de fora, é bunda descoberta, é encenação erótica, é droga, é tourada, isso mesmo, tourada, sim, com bois, claro, com uma fedentina dos horrores, uma parafernália sonora para surdo ouvir. A parte profana da festa está tomando o espaço da religiosa, agredida pelos trios elétricos, com as suas dançarinas se exibindo semi-nuas, em frente ao Templo Sagrado de Nossa da Purificação. A bela imagem da Senhora da Purificação, no seu traslado do Con-vento dos Humildes para a sua Matriz interrompido pela passagem de Blocos e Trios, além das músicas apresentadas para o público serem de péssima quali-dade, e duplo sentido, - há também os que se apresentam com atributos - e ain-da bem que não nos recordamos das mulheres terem sido agredidas  - ainda - com a música: CACHORRRA. Santo Amaro perdeu a sua identidade, perdeu a sua representatividade política e cultural;  está perdendo o seu valor his-tórico e também religioso. Vem aí o próximo 2 de Fevereiro. Uma batalha há que ser travada entre a Igreja Católica, que apregoa a moralidade, e o Poder Municipal, que não gerencia a cidade; como tal, a desordem e a bagunça imperam. O Monsenhor Walter terá pela frente uma grande encruzilhada: ou resgata na sua plenitude a Festa religiosa, ou com ela vai sucumbir.
Apostamos na fibra do Apóstolo de Deus, em nome da dignidade.

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