quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Meu candidato a prefeito

Vou votar para prefeito em um candidato que viva plenamente sua humanidade, não se auto-santifique, que não confunda postura séria com moralis-mos dementes, que não me chame de vagabundo por me ver bebendo com amigos algumas cervejas depois de um dia duro de trabalho como faz tantas pessoas trabalhadoras e de bem desta cidade. As diversões mais acessíveis em Santo Amaro são bar e futebol, nascemos e envelhecemos aqui sem muitas opções de lazer, investir nisso é uma responsabilidade política.
Meu candidato a prefeito vive na cidade, vive a cidade, não negocia nossas vidas nos balcões imundos da narco-política. Não sente orgulho da própria ignorância, meu candidato quer que o governo da Dilma dê certo, ao contrário dos membros de narco-partidos que desejam um governo desastrado.
Um governo desastrado significa colocar em risco permanente de morte nossas vidas, coisa que eles já estão acostumados a fazer, sobre nossos caixões erguem seus impérios de orgias políticas, dinheiros e maximização do crime como moeda de negação da democracia no país, sórdida democracia da desva-lorização política e cultural de das nossas vidas.
Meu candidato a prefeito se respeita, só quem tem respeito próprio pode respeitar o próximo. Meu candidato a prefeito não fará uma campanha criminosa, inventando fatos, ameaçando pessoas, não vai usar a polícia como milícia, a propaganda como arma de humilhação, não obrigará as pessoas a votarem nele ou saírem pelas ruas fantasiadas com a camisa do seu partido. Meu candidato a prefeito é humano, lógico,  erra e acerta, não esconde os erros, não se envaidece com as vitórias.
Meu candidato a prefeito é calmo e sereno como Branda Carlile cantando The Story, honesto como Cristo que negou os tesouros do mundo por um poder maior, o poder de fazer o bem.
Se acha que sua vida é maravilhosa reze para não ter um infarto ou um AVC em Santo Amaro porque se isso acontecer o asfalto da sua rua não vai salvar sua vida, você pode morrer na fila da regulação e nas estatísticas do governo você vai constar como um paciente atendido que infelizmente não resistiu e não como um paciente assassinado pela imoral política pública de saúde.
Meu candidato a prefeito não mora em um condomínio de luxo em Salvador, não contempla de longe e na frieza das suas emoções as desgraças do seu povo, não sente vergonha de suas paixões, não abraça em demasia e não se afasta por nojo.
Meu candidato a prefeito não é bom ou mal, é justo, ser bom ou mal é fácil agora vá ser justo em um país que a preguiça é currículo, que o burlar leis é ordem, que o crime compensa, que sorrisos quase sempre são ponte para enganação.

Meu candidato a prefeito sabe que a construção da felicidade não tem bases no autoritarismo, sabe que como escreveu Antoine de Saint Exupéry: “o essencial é invisível aos olhos”, meu candidato tem bom gosto, não é cafona, não sente desprezo por negros e pobres, seu amor pelo povo é incondicional, mesmo sabendo que para parte desse mesmo povo ele e seu amor não valem nada, meu candidato a prefeito tem seus filhos matriculados em escolas públicas, sua esposa trabalha todos os dias na ação de promoção da cidadania e não é uma deslumbrada que faz do ódio instrumento para afirmação de sua frieza humana, meu candidato a prefeito não ostenta, não é vaidoso, não aceita convite para festinhas de gente interesseira, não se comove com tapinhas nas costas, não anda com gente estúpida e mal educada, não corrompe presidentes de partidos para impedir que pessoas não serviçais ao seu império de crime e desumanização saiam candidatas, meu candidato a prefeito não tem assessores puxa saco, não confunde vida particular com pública, divide tarefas, escuta pessoas, não pensa que o erro do passado justifique os erros do presente.
Às vezes ouça pais de família dizendo que o roubo e o banditismo são normais porque sempre foi assim, que melhor um agente público que rouba do que um que não rouba e não faz nada. Fico constrangido, volto para casa triste e pensando que tipo de educação essas pessoas deram e dão os seus filhos.
O egocentrismo da maioria dos brasileiros além de constrangedor e infantil, a maioria se sente imune as desgraças da vida, riem das misérias dos seus pares, mas não percebe que vivem dentro de uma lata de lixo, seja lá quem for ele está dentro de uma lata de lixo e dia menos dia os ratos dessa lata vão matá-lo.
Meu candidato talvez seja humilhado pelas urnas, pelos interesses mesquinhos e individualistas. Esse é o preço a ser pago por quem ama pela compaixão e solidariedade: humilhação. Talvez seja derrotado pela ética da mentira, pela política do estômago, mas voto nele. Se Deus escolhe a quem abençoar o Diabo não escolhe a quem matar, isso me faz crer no futuro como uma criança que acaba de nascer.
Contatos com o autor: http://cartasmentirosas.blogspot.com
Ps- Esta crônica é dedicada à juíza Eliana Calmon e sua luta para que o poder judiciário não seja transformado em uma facção criminosa sobre o comando de criminosos infiltrados nos poderes legislativo, executivo e empresarial.

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