terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Sem medo

Como brasileiro tenho medo de adoecer e morrer nas filas virtuais da regulação, ser maltratado dentro de hospitais públicos, da violência da policia étnica, da maioria dos políticos com traços de psicopatia e delinquência aguada.
Medo de não ter grana para matricular minha filha em escolas particulares decentes e ela ficar a mercê do miserável sistema público de ensino que trata professores como animais e alunos como meros cheques em branco para prefeitos e governadores lavarem o dinheiro sujo dos seus crimes. Medo da justiça conivente na maioria das vezes com a barbaria legalizada, uma justiça que se afirma sobre os escombros dos fracos e janta com perigosos criminosos acoitados dentro do Congresso Nacional.
Medo da violência cultural que deforma personalidades, incentiva a violência sexual, destrói a vida das nossas meninas e meninos, medo dos drogados vagantes como mortos vivos, sobretudo medo de um estado que não tem interesse em coibir o tráfico e não oferece tratamento público e gratuito para que viciados se curem desse flagelo que é a dependência química.
Medo do futuro, desse presente agonizante, medo dessa república de sindicalistas mal educados, mas que demonstram elegância e sutileza para delinquir o Estado, transformando tudo em propriedade privada do crime e da barbaria.
Medo dos cidadãos e cidadãs passivos, da direita e esquerda que aqui são tudo a mesmíssima merda, dois corações gêmeos unidos para morte e destruição do nosso patrimônio natural e cultual, medo de exercer minha cidadania e de-mocracia, aqui ser cidadão é ser pessoa não grata, o exercício da cidadania é resumido a apoiar eternos criminosos rejuvenescidos nas ácidas bandeiras da narco-política se não quiser agonizar no desemprego, no isolamento e na morte como pessoa produtiva.
Lideres dos movimentos sociais dis-cursam para negros, favelados, sem ter-ras, sem teto e depois vão para restaurantes beber vinho de três mil reais a garrafa, fazem a revolução social em suas vidas financiada pela miséria de milhões.Abrem universidades fabricadas em linha de montagem ao mesmo tempo em que se desmantela o ensino público de base. Reitores negam a auto-nomia das universidades para servirem a gangues de deputados federais que in-cutem na cabeça do povo que a presença física de um prédio significa educação
de qualidade.
Medo de um povo que se mobiliza para construção de estádios milionários, en-quanto a Bahia já é o segundo estado mais violento do nordeste e o terceiro do país.
Medo porque sou pobre, pobreza e solidão são sinônimos, se você é pobre está sozinho, para os pobres resta em muitos casos o emprego de segurador de andor dos santos da vez e muitos acreditem que por isso são felizes.
Medo dessa histeria coletiva que troca a felicidade real e concreta pela sensação de que está feliz, essa falta de arco-íris, essa castidade para o que é do bem. Aqui no Recôncavo muitas senzalas ainda não foram abertas, algumas até servem como pontos turísticos. Senzalas da servidão, do analfabetismo, da cultura plastificada e do medo. Contatos com o autor:
http://cartasmentirosas.blogpot.com

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