quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Para Nicinha

Falar de Eunice Oliveira, a querida filha de Dona Canô e irmã biológica de Elza e da inesquecível sambista Edith do Prato é tarefa das mais fáceis, porque Nicinha era uma daquelas figuras unânimes em nossa cidade. Não há devoto de Nossa Senhora da Purificação que não a admirasse pela sua dedicação à Virgem Santíssima, ou pelo som inconfundível do seu órgão, nas grandes celebrações da igreja católica na cidade. Não houve amigo que não apreciasse o seu carisma e o seu sorriso lindo! Mais do que isso, não houve quem a conhecesse e que não reconhecesse nela uma pessoa de alma lapidada, leve, solidária e participativa...
Deus, por exemplo, com certeza gosta muito de Nicinha, senão, como justificar ter lhe presenteado com duas famílias tão especiais, tão maravilhosas como as que possuiu aqui na terra?
Da família de  Domingos e  Gracilina, seus pais de origem, herdou o espírito acolhedor, a simplicidade,  a generosidade e altivez. A altivez, brilho próprio e gosto pela boa música, certamente foram heranças de Dona Canô, de seu Zezinho, da família Velloso, sua família desde a primeira infância...
Nicinha teve ainda uma terceira família; a qual não se pode deixar de citar, a família dos corais Miguel Lima e Santa Cecília, aos quais se entregou nos ensaios e apresentações de forma literal e sempre com sua discreta alegria.
Eunice, Nicinha, Nice, Ni, Babá... Ser unânime é ser como ela foi: de muitos irmãos, de muitos sobrinhos, de milhares de amigos e afilhados a perder de vista. É ser de todos e querida por todos! Para ser unânime tem que ser como Nicinha foi, que fazia o bem sem segundas intenções. Servia à todos porque esse era um ritual da sua própria natureza.
Fico imaginando o reencontro de Nicinha com Dona Edith, lá no céu. Depois da enorme euforia, colocaram a conversa em dias, deram muitas risadas e de quebra fizeram uma festa com muitos doces e música, como sempre gostaram de fazer em casa. Uma tocando seu órgão, compenetrada e elegante como sempre se apresentava, a outra, tocando com todo vigor e singularidade seu prato de louça e tirando aqueles mesmos sambas que nos acostumamos a ouvir em sua voz estridente...
Vai em paz Nicinha, segue em frente distri-buindo  carinho e ami-zade que nos acostumou por aqui. Nossa Senhora da Purificação continue a iluminar seu caminho como sempre fez, Nicinha, porque você é merecedora do presen-te, o descanso eterno.     

                Ninho Nascimento 

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